Pintura de Tó Luís Lopes |
Ultimamente dou por mim muitas vezes a reflectir sobre o que
deve ser dito ou não dito. Ao longo do tempo tomei como certo -uma “certeza” minha, é verdade- que tudo
sentido e pensado deveria ser falado, dito, gritado, enfim... Tudo deveria ter como resultado final a expressão. Se o sentimos, porque não o
verbalizar? Porque não deixar os sentimentos, os pensamentos, tomar uma voz? No
fundo, essa voz seria apenas um produto do pensado. Uma cópia num diferente
formato. Certo, para mim. Mas, a questão mantém-se. Deverá ser dito ou não? O
silêncio deverá ser quebrado? Será calar o melhor? Reprimir sentimentos? Conter
vontades ou desejos interiores? É dito que devemos não dizer nada caso o que
tenhamos a dizer, nada acrescente ao silêncio. No entanto, falar é libertador. Falar
é criador. Permite-nos até descobrir novas coisas. Coisas que ficando em
silêncio nunca seriam descobertas. Procurando
no dicionário um sentido para a palavra “Expressão” encontra-se o seguinte:
«Acção de exprimir. Manifestação do pensamento, do sentimento pela palavra,
fisionomia ou gesto». Verdade. Mas não será a expressão mais que isso?
Ao exprimirmos estamos a dar oportunidade a novos
sentimentos de surgirem, novos pensamentos que nos vão ocupar a mente, pelo
simples facto de os termos verbalizado. Quem nunca o fez, experimente. É isto
que acontece. Passamos a ver o mundo longe do terreno seguro que o silêncio das
palavras nos permite. O silêncio é perfeito quando não é feito de palavras
caladas. Expressão: um manancial de criação.
E falando em pensamentos, expressões e criações, falta-me
aprender o mais importante: Evitar o parto prematuro! Calculo a felicidade que
seja olhar para um “pauzinho” branco e ver um sinal positivo a revelar-se.
Estamos grávidos! Porém, é necessário prudência. O nosso fruto da gravidez
mental tem primeiro de passar pela gestação. Só depois poderá assim nascer e crescer
verdadeiramente quando o parirmos (para fora de nós). Assim, talvez, o melhor
seja sempre uns 9 meses de gestação de sentimentos antes de nos exprimirmos, e
uns 9 meses de gestação antes de falar o que pensamos. Expressão é criação!