quarta-feira, 4 de julho de 2012

Aprender o verbo da verbalização


Pintura de Tó Luís Lopes
Ultimamente dou por mim muitas vezes a reflectir sobre o que deve ser dito ou não dito. Ao longo do tempo tomei como certo  -uma “certeza” minha, é verdade- que tudo sentido e pensado deveria ser falado, dito, gritado, enfim... Tudo deveria ter como resultado final a expressão. Se o sentimos, porque não o verbalizar? Porque não deixar os sentimentos, os pensamentos, tomar uma voz? No fundo, essa voz seria apenas um produto do pensado. Uma cópia num diferente formato. Certo, para mim. Mas, a questão mantém-se. Deverá ser dito ou não? O silêncio deverá ser quebrado? Será calar o melhor? Reprimir sentimentos? Conter vontades ou desejos interiores? É dito que devemos não dizer nada caso o que tenhamos a dizer, nada acrescente ao silêncio. No entanto, falar é libertador. Falar é criador. Permite-nos até descobrir novas coisas. Coisas que ficando em silêncio nunca seriam descobertas. Procurando no dicionário um sentido para a palavra “Expressão” encontra-se o seguinte: «Acção de exprimir. Manifestação do pensamento, do sentimento pela palavra, fisionomia ou gesto». Verdade. Mas não será a expressão mais que isso? 

Ao exprimirmos estamos a dar oportunidade a novos sentimentos de surgirem, novos pensamentos que nos vão ocupar a mente, pelo simples facto de os termos verbalizado. Quem nunca o fez, experimente. É isto que acontece. Passamos a ver o mundo longe do terreno seguro que o silêncio das palavras nos permite. O silêncio é perfeito quando não é feito de palavras caladas. Expressão: um manancial de criação.

E falando em pensamentos, expressões e criações, falta-me aprender o mais importante: Evitar o parto prematuro! Calculo a felicidade que seja olhar para um “pauzinho” branco e ver um sinal positivo a revelar-se. Estamos grávidos! Porém, é necessário prudência. O nosso fruto da gravidez mental tem primeiro de passar pela gestação. Só depois poderá assim nascer e crescer verdadeiramente quando o parirmos (para fora de nós). Assim, talvez, o melhor seja sempre uns 9 meses de gestação de sentimentos antes de nos exprimirmos, e uns 9 meses de gestação antes de falar o que pensamos. Expressão é criação!